Dever e Liberdade

A moral é o conjunto de regras que orientam o comportamento dos indivíduos de um grupo num certo momento da história. Isso nos leva a seguinte situação: exterioridade da moral x necessidade de adesão.

Essa oposição é claramente percebida no crescimento do ser humano, na passagem da infância para a vida adulta. No questionamento das regras estabelecidas sobre esse sujeito e o desejo de seguir suas próprias regras, ele deixa uma situação de heteronomia em direção da autonomia. No entanto, isso causa um abalo no tecido moral já que as normas de conduta são questionadas. O problema é que não se pode questionar as regras tendo em vista apenas seus interesses pessoais.

Como o homem vive em sociedade (lembra-se do Módulo 1?) e convive com outras pessoas é preciso levar em conta que qualquer ato compromete aqueles que te cercam. Eis aqui a necessidade de um equilíbrio. O sujeito consciente vai viver essa contradição. Por isso, é imprescindível a liberdade e a consciência. Ao conviver com outras pessoas (quer seja na sociedade, quer seja na escola, quer seja no órgão do qual eu faço parte) e fazendo isso de forma voluntária, cria-se um “dever ser” que surge da consciência moral.

O professor José Arthur Gianotti assim se expressa:

“Os direitos do homem, tais como em geral têm sido enunciados a partir do século XVIII, estipulam condições mínimas do exercício da moralidade. Por certo, cada um não deixará de aferrar-se à sua moral; deve, entretanto, aprender a conviver com outros, reconhecer a unilateralidade de seu ponto de vista. E com isto está obedecendo à sua própria moral de uma maneira especialíssima, tomando os imperativos categóricos dela como um momento particular do exercício humano de julgar moralmente. Desse modo, a moral do bandido e a do ladrão tornam-se repreensíveis do ponto de vista da moralidade pública, pois violam o princípio da tolerância e atingem direitos humanos fundamentais”.

(GIANOTTI, José Athur. Moralidade pública e moralidade privada. In: NOVAES, Adauto (Org.) Ética. São Paulo: Companhia das Letras/ Secretaria Municipal de Cultura, 1992. P.245).


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